Pobreza e abandono transformam projeto agrário em assentamento fantasma

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Publicado em 30/10/2017 08h15

Pobreza e abandono transformam projeto agrário em assentamento fantasma

Maior área de reforma agrária da Capital sobrevive com dificuldade há 12 anos

Barracos de lona, mato alto, construções inacabadas, cercas derrubadas, arame retorcido, falta de água há um ano. O cenário no Assentamento Três Corações, o maior de Campo Grande, é de abandono e desleixo. Quem reside no local desde sua criação estima que aproximadamente dois terços das 162 famílias contempladas com terras em 2005 não vivem mais por lá. E motivos não faltam: isolamento, assistência falha, falta de água e negligência dos próprios beneficiados.

O Assentamento Três Corações hoje abriga 147 famílias, de acordo com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A área soma 2.257,2 hectares da Fazenda Morro Bonito, situada no Distrito de Anhanduí. Para se ter uma ideia, juntos, os assentamentos Conquista e Estrela – os outros dois localizados na Capital – têm 2.023,2 hectares e comportam 123 famílias.

O local é de difícil acesso. Uma das estradas que levam ao Três Corações parte de Nova Alvorada do Sul – a 120 quilômetros de Campo Grande. São cerca de 40 quilômetros de deslocamento, passando por mata-burros quebrados e por uma ponte de madeira sobre o Rio Anhanduí com avisos de interdição.

Nos primeiros lotes do assentamento estava o aposentado Edinaldo de Souza, 65 anos. Ele consertava a cerca da propriedade do vizinho, que vai começar a criar meia dúzia de cabeças de gado.

***Correio do Estado

Barracos abandonados no lugar de moradias para produtores rurais é o que se vê em vários lotes do local - Foto: Valdenir Rezende / Correio do Estado