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quarta-feira, 1 de maio, 2024
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Sarau Remi fez alegria de comunidade indígena celebrando Dia das Crianças

No sarau do Projeto Remi (Reconstrução de Memória e Identidade) a música deixou de ser protagonista para dar voz à solidariedade e a união dentro da aldeia urbana Marçal de Souza. Os idealizadores do projeto, os seis artistas da banda Projeto Kzulo, deixaram o microfone e os instrumentos musicais em segundo plano para arregaçar as mangas em inúmeras atividades que fizeram a alegria da garotada no Dia das Crianças, celebrado nesta última terça-feira (12), nas dependências do Memorial Indígena Cacique Enir Terena.

Os irmãos e músicos da banda, Kalelo e Lucas Rabelo, por exemplo, foram uns dos que tomaram a iniciativa de organizar o cachorro-quente para os pequenos, com direito àquele tempero inconfundível, materno, que abraça pelo paladar. “Nossa mãe se prontificou a nos ajudar com o molho e aceitamos. Ela manda super bem em tudo o que faz e prova disso a gente viu aqui, no tamanho da fila e na criançada que não parava de chegar”, disse Rabelo.

Enquanto a degustação rolava solta entre um menu caprichado (cachorro-quente, pipoca e algodão doce, refrigerante e sorvete), o verde do gramado abriu passagem para brinquedos (pula-pula e tobogã inflável), fazendo do espaço um verdadeiro playground a céu aberto.

Sarau Remi fez alegria de comunidade indígena celebrando Dia das Crianças
Fotos: Produza Projeções/Wirlan Duka.

“Foram quatro fins de semana de diversas atividades aqui, com aulas de teatro, música, dança e pintura indígena. Cuido desse espaço, e durante a semana a criançada vinha me perguntar se no próximo sábado ia ter mais atividades do Remi. Então, ver todo mundo reunido, hoje, é uma satisfação. Espero que tenha mais e mais atividades assim”, avalia Maria Auxiliadora Bezerra, gestora do Memorial Indígena.

Resultados das oficinas

E as famílias que chegavam para celebrar o Dia da Criança puderam, inclusive, conferir um pouco dos resultados das oficinas que o projeto Remi ofereceu durante os quatro fins de semana na aldeia urbana. 

Enquanto algumas pessoas aproveitavam o grafite, que estava sendo feito em um dos muros próximo ao Memorial, para fazer os costumeiros selfies, outros grupos assistiam as apresentações artísticas de crianças que participam dos cursos de dança e de arte Terena.

A exemplo da pequena Lavínia Salazar, de 9 anos, que se apresentou com o grupo de meninas da comunidade. “Na oficina de arte terena, a gente aprendeu com a professora Bianca, que também é da comunidade, a pintar e fazer roupas assim”, falou ela enquanto apontava para as iconografias Terenas pintadas no tecido da sua saia e blusa.

Sarau Remi fez alegria de comunidade indígena celebrando Dia das Crianças
Criançada nas brincadeiras genuínas (Fotos: Produza Projeções/Wirlan Duka)

Outro que adorou tudo o que viu foi o Isac Venegas. “Eu cortei o cabelo do jeito que eu queria. Foi legal ter um barbeiro só para a gente [criança]”, afirmou o garoto, de 10 anos, meio tímido que, ainda, se lembrou das aulas de teatro. “Nunca fui em um teatro, mas gostei das aulas, das brincadeiras”.

Cacique caiu na folia

Quem também aprovou as práticas foi o cacique da Marçal de Souza, Josias Ramires. “Meus filhos também participaram das oficinas e apesar da timidez, percebi pequenas mudanças no jeito de se expressar com a gente. De um modo geral, todas as disciplinas do projeto Remi, música, dança, teatro, arte urbana [grafite], arte indígena, fotografia, vieram para atender nossa comunidade”, frisou.

E como toda grande festa de celebração não pode faltar boa música, o som ficou a cargo, claro, da própria banda Projeto Kzulo que reuniu toda a equipe do projeto Remi para fazer do palco, montado, o cenário ideal para embalar a alegria da criançada e família.  Na playlist, canções autorais e outras tantas populares já conhecidas pela plateia.

Sarau Remi fez alegria de comunidade indígena celebrando Dia das Crianças

“A gente encerra essa etapa do Remi com muita satisfação. Acreditamos que conseguimos cumprir o nosso papel que era descentralizar a arte e promovê-la junto a uma comunidade de Campo Grande. Agora, seguiremos com nossas atividades na região das Moreninhas, porque a proposta do Remi é isso, dialogar com a comunidade, e trabalhar aquilo que dá nome ao projeto que é a questão de memória e identidade, entender como e o quê essa juventude entende dessas duas questões, fazendo uso das linguagens artísticas”, enfatiza o outro músico da banda Projeto Kzulo e professor da Faculdade de Educação da UFMS, Alejandro Lasso.

O Projeto Remi conta com recursos do FMIC (Fundo Municipal de Investimentos Culturais), da Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo), promovido pela Prefeitura de Campo Grande. E quem quiser acompanhar o andamento das atividades do projeto Remi devem acessar o site (www.projetoremi.com) ou seguir o perfil no Instagram (@projetoremi).

Sarau Remi fez alegria de comunidade indígena celebrando Dia das Crianças
Momento do lanche, muito comemorado também (Fotos: Produza Projeções/Wirlan Duka)
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