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sexta-feira, 19 de abril, 2024
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Sesc Pantanal inicia pesquisa para avaliar impactos dos incêndios na fauna do bioma

Os incêndios florestais no Pantanal já consumiram mais de 4 milhões de hectares em 2020, cerca de 98 mil deles na Reserva Particular do Patrimônio Natural Sesc Pantanal (RPPN Sesc Pantanal), de propriedade do Serviço Social do Comércio (Sesc), localizada no município de Barão de Melgaço, em Mato Grosso. Maior RPPN do País, a reserva de 108 mil hectares deu início à pesquisa que vai avaliar os impactos dos incêndios na fauna pantaneira. Com duração de 12 meses, esta primeira etapa do estudo vai direcionar a melhor maneira de executar o manejo adaptativo e regenerativo da área, após o pior incêndio da história da região nos últimos anos.

Realizado por meio do Grupo de Estudos de Vida Silvestre (GEVS), composto por pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Fiocruz, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Museu Nacional do Rio de Janeiro, o estudo utiliza o aplicativo SISS-Geo da Fiocruz para realizar o levantamento dos animais vivos e mortos na RPPN. Por meio do Sistema de Informação em Saúde Silvestre (SISS Geo), é possível registrar, on-line ou offline, informações sobre animais, sua localização, características do ambiente e também tirar fotos.

Mesmo com o histórico de pesquisas, ainda é cedo, e complexo, para falar sobre regeneração do bioma, afirma a gerente de Pesquisa e Meio Ambiente do Sesc Pantanal, a bióloga Cristina Cuiabália. “Temos uma referência sobre o passado, mas ainda vivemos este presente, de maneira inédita, e temos um futuro incerto, pois há outros fatores, como mudanças climáticas, por exemplo. Isso vai interferir ou não? Não sabemos ainda, pois não há dados o suficiente para trazer mais luz a essas respostas. Somos otimistas e estamos aqui tentando trazer mais vida e regeneração para uma área tão afetada. Esperamos que essa regeneração seja no tempo certo, no tempo da natureza, e vamos dar toda a condição para que isso aconteça”, declara.

Este ano, destaca a superintendente do Sesc Pantanal, Christiane Caetano, foi histórico, o que reforça a importância da união de esforços para que este cenário não se repita nos próximos anos. “Diversos fatores contribuíram para que o fogo alcançasse as proporções deste ano. Por isso, todos os que vivem no Pantanal precisam estar unidos e preparados para fazer a prevenção, o combate e também evitar o uso do fogo no período proibitivo. Cada ação importa para termos o período da seca com menos impacto na biodiversidade, nas comunidades e nas propriedades privadas”, conclui.

Resgates e alimentação dos animais

Além do aplicativo, a equipe de pesquisadores também utiliza drones para registro das áreas e armadilhas fotográficas para captação de imagens dos animais vivos, que têm recebido água e alimentação, em uma ação emergencial, considerando a falta de recursos naturais, escassos pela seca severa deste ano e pelo fogo.

Cerca de 5 toneladas de frutas e verduras foram distribuídas neste mês, por meio da parceria com a Ampara Silvestre e o SOS Pantanal. A ONG Mata Ciliar também colaborou com o resgate de animais, que foram encaminhados para atendimento da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema).

Caminho do fogo

A RPPN Sesc Pantanal foi atingida por diversos focos de incêndio, o primeiro deles no dia 2 de agosto. Desde então, a brigada de incêndio do Sesc Pantanal trabalhou para conter o avanço do incêndio na área conservada há 23 anos.

Todo o entorno da reserva – fazendas São Francisco, Santa Lúcia, Aldeia Perigara e o distrito de São Pedro de Joselândia, comunidades Retiro de São Bento e Pimenteiras – também foi atingido. Conforme dados e perícia do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso, nenhum foco foi iniciado ou saiu da reserva durante todo o período de combate.

Confira o documentário Heróis do Fogo, produzido pelo Polo Socioambiental Sesc Pantanal, mostrando os esforços e a união de forças para tentar conter o fogo no Pantanal. 

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