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domingo, 13 de julho, 2025
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Tarifa imposta por Trump isola aliados de Bolsonaro no Congresso

A imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acendeu um novo foco de tensão nas relações entre Brasília e Washington. A medida, que deve entrar em vigor em 1º de agosto, provocou reações imediatas no Congresso Nacional e ampliou o desgaste diplomático entre os governos de Lula e Trump — líderes ideologicamente antagônicos.

O aumento das tarifas comerciais, comunicado por carta do governo norte-americano na última quarta-feira (9), foi justificado como uma resposta aos supostos ataques do Brasil à liberdade de expressão de empresas dos EUA e ao tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O gesto foi interpretado como mais um capítulo do embate político entre os dois mandatários e acirrou os ânimos entre suas respectivas bases.

No Congresso, parlamentares ligados ao governo Lula e integrantes do chamado “centrão” criticaram duramente a taxação e passaram a defender medidas diplomáticas para reverter os efeitos da nova política comercial americana. Entre os principais defensores de uma resposta coordenada ao tarifação está a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que alertou para prejuízos ao agronegócio brasileiro, especialmente em relação à competitividade internacional e ao impacto no câmbio e no custo de insumos.

“O Brasil precisa agir com cautela, mas com firmeza. A diplomacia é o caminho mais estratégico para a retomada das tratativas”, afirma trecho da nota divulgada pela FPA.

Já parlamentares da oposição, especialmente aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, adotaram um discurso de responsabilização direta do Palácio do Planalto. Deputados do PL e siglas próximas ao bolsonarismo atribuem o agravamento da crise a uma suposta má condução das relações exteriores por parte do governo Lula. Para eles, cabe exclusivamente ao Executivo resolver o impasse.

Em contrapartida, líderes de centro político ligados ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), têm defendido que o tema deve ser tratado como uma questão nacional, que exige união institucional. A avaliação é de que os impactos das tarifas se estendem a toda a economia brasileira e não devem ser tratados sob o viés de disputas ideológicas.

Os presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), afirmaram em nota conjunta que o Congresso está pronto para atuar com “equilíbrio e firmeza” na defesa dos interesses do país. Ambos reforçaram que a saída deve ser diplomática, mas não descartam o uso de instrumentos legais de retaliação comercial, caso os EUA mantenham a medida.

Duas moções de repúdio à decisão de Trump foram protocoladas por partidos da base governista — uma pelo PT e outra pelo PDT. Os textos defendem a soberania nacional e pedem que o Congresso manifeste oficialmente seu descontentamento com a postura da Casa Branca. As propostas ainda não têm consenso entre as lideranças partidárias, mas podem ser pautadas nos próximos dias.

Enquanto isso, o presidente Lula já anunciou a criação de um comitê interministerial para repensar as relações comerciais com os Estados Unidos. O governo pretende articular uma reação diplomática coordenada, buscando preservar o comércio bilateral, mas sem abrir mão da defesa dos interesses brasileiros.

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