“Certa vez tinha que cumprir um mandado de intimação em Chapadão do Sul. A pessoa estava me esperando de manhã logo cedo, pois iria sair em viagem para o Paraná. O ônibus saía de Cassilândia à 1h20 com destino a Costa Rica. Chegando em Chapadão do Sul, o cobrador não me acordou. Resultado: fui parar perto de Costa Rica, num frio danado”, assim começa o personagem central desta história, Wagner Roberto de Oliveira.
Claro que ele esperou pelo próximo ônibus de volta para cumprir com sua obrigação. Trabalho que Wagner exerce desde 1985. Aliás, o primeiro e único trabalho da vida dele! E isso é uma outra e boa história.
Wagner nasceu em Jales, interior de São Paulo, no dia 6 de maio de 1958. Nasceu filho de pai comerciante e mãe do lar que, em busca de novas oportunidades, trouxeram toda a família para Mato Grosso do Sul. “Na época eu estava desempregado e tinha um compadre e um tio materno que já eram concursados no cargo de oficial de justiça em Paranaíba. Prestei o concurso porque o salário era atrativo e era uma maneira de ter mais conhecimentos”, lembra assim desse começo.
Então ele morava em Paranaíba quando prestou o concurso do Tribunal de Justiça para o cargo de oficial de justiça em Cassilândia. Foi o segundo oficial concursado a ser convocado na Comarca onde ficou por 17 anos, período em que as diligências também eram cumpridas em Chapadão do Sul, que ainda não era circunscrição. E lá ia Wagner de carona ou de ônibus na madrugada para poder cumprir os mandados, como pode ser confirmado na abertura deste texto.
Em 1999 foi instalada a comarca de Chapadão do Sul, município onde o oficial foi morar em 2 de junho de 2002. Por meses, Wagner se hospedou em um quartinho numa edícula que ficava nos fundos do prédio do Fórum, que era alugado. Até que, em dezembro do mesmo ano, sua família veio estar com ele, e nessa boa companhia o servir a justiça seguiu.
“Outra vez fui cumprir mandado de busca e apreensão em companhia do motorista do caminhão para levar o bem apreendido de Chapadão do Sul para Cassilândia. Chegando na fazenda, o arrendatário/executado me ameaçou dizendo que estava armado, que poderia me matar, e que não sabia onde estava o implemento. Simplesmente chamei o motorista do caminhão e retornamos para Cassilândia”, relata sobre os ossos do ofício.
Nesses 37 anos de profissão, ele faz questão de trazer aqui o nome dos juízes colegas de trabalho que foram Geraldo de Carvalho, Sideni Soncini Pimentel, José Gomes da Silva, Jackson Aquino de Araújo, Fernando Paes de Campos, Jairo Abrão, Odilon de Oliveira, Edna Serrou Camy, Aparecida Henrique Barbosa, Maria Isabel de Matos Rocha, Mário Eduardo Fernandes Abelha, Mariel Cavalin, Munir Yussef, Márcio Rogério Alves, Marcel Henry Batista de Arruda, Gil Messias Fleming, Luciane Buriasco, Daniela Endrice, Silvio César Prado, Anderson Royer e Bruna Tafarello.
“O que mais me marcou foi servir ao Poder Judiciário, e ainda sirvo!”, diz com alegria e complementa: “até porque ainda tenho um filho para formar em 2024”, desfecha o servidor que celebra ter conquistado o bem-estar da família com a única e orgulhosa carreira de oficial de justiça em Mato Grosso do Sul.
Fonte: Ascom TJ-MS