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quinta-feira, 28 de março, 2024
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Aumentam os perigos de barragens no Pantanal de MS, alertam pesquisadores

Pesquisadores em grupo de cientistas de diferentes órgãos de pesquisa, incluindo Embrapa Pantanal, em Corumbá no Mato Grosso do Sul, publicaram uma carta conjunta, onde alertam sobre os perigos das barragens no Pantanal de MS. O grupo alertou, neste mês, na revista científica BioScience que o Bioma tem chance de sofrer um ‘colapso ecológico, econômico e social’ por conta da construção de barragens e uso dos rios para transportar grãos pela região. Atualmente já são 50 no território pantaneiro e ainda já estão construindo outras sete, e se projeta outra centenas estruturas do tipo.

A publicação foi feita por cientistas da Embrapa Pantanal (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), vinculada ao Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária), somada ao ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), autarquia do Ministério do Meio Ambiente, bem como do IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas) e do grupo Panthera.

A ONG (Organização Não Governamental) Ecoa (Ecologia e Ação), que atua na preservação do Pantanal, pela publicação, aponta que sete das 50 barragens no território pantaneiro são de grande porte, com capacidade superior a 30 megawatts; 24 de pequeno porte, com cinco a 30 megawatts de capacidade; e 19 têm capacidade menor que cinco megawatts.

Conforme os cientistas, pequenas e grandes barragens construídas no lado brasileiro da Bacia do Alto Rio Paraguai estão entre as principais ameaças ambientais ao bioma. Nas últimas duas décadas, empreendedores privados e governo construíram as 50 estruturas na região.

Mais de 100 ainda em vista

Segundo a ONG Ecoa, outras 13 pequenas barragens já estão em construção e assustadoramente, outras 125 estão planejadas, mas sem aprovação do poder público. “Os cientistas explicam que as barragens bloqueiam o fluxo de sedimentos no Pantanal – tanto a variedade inorgânica, como areia e argila da água, quanto a orgânica, por exemplo, da decomposição de madeira e plantas. Eles apontam que as barragens também cortam o suprimento de nutrientes a montante da planície de inundação, como nitrogênio, fósforo, potássio e magnésio”, diz publicação no site de notícias da ONG.

Conforme especialistas ouvidos pela Ecoa, a saúde dos peixes do Pantanal pode ser comprometida, bem como a quantidade de espécimes, impactando na fonte de alimento para pássaros que se alimentas destes animais, além da subsistência de pescadores locais. “O fluxo reduzido de nutrientes também restringe o crescimento de gramíneas nativas. Estes servem de pasto para a pecuária e para herbívoros nativos, como veados – uma importante fonte de alimento, por sua vez, para onças e pumas.”

Outros perigos

A carta na BioScience destaca outras decisões de desenvolvimento que podem comprometer ainda mais o Meio Ambiente da região. Estes incluem um projeto proposto de dragagem de 1.272 quilômetros para permitir o transporte de barcaças de soja e milho para o sul através do Pantanal ao longo do Rio Paraguai, para o Rio Paraná, indo até Argentina e Uruguai.

Governo federal e os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul apoiam esta proposta, que é vista como prejudicial ao bioma pantaneiro, que provocaria “declínio nos sedimentos e nutrientes, diminuição dos habitats dos peixes e outros efeitos ecológicos negativos”, conforme a Ecoa.

O Pantanal possui 179 mil quilômetros quadrados no Brasil, Paraguai e Bolívia, sendo que a porção brasileira representa cerca de 80% do total. É delimitado pelo Cerrado, uma savana extensa ao sul da Amazônia brasileira e, mais especificamente, pelos planaltos do Cerrado da Bacia do Alto Rio Paraguai, uma rede de rios de quatro países.

O escoamento da água da chuva do Cerrado, cuja maior parte da precipitação vem da região amazônica, enche os rios que fluem para dentro e ao redor do Pantanal. A água cobre até 80% do Pantanal vários meses por ano, com o tempo de inundação variando de local para local.

Com informações Grupo Ecoa

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