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sábado, 27 de abril, 2024
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Coletânea de receitas de mulheres bandeirantes será lançada na Plataforma Cultural

As receitas da década de 70 foram recuperadas e agora fazem parte do livro “A Mão Feminina do Cerrado Servindo os Sabores do Mundo”

Na próxima quinta-feira (18), a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Sectur) promove o lançamento do livro “A Mão Feminina do Cerrado Servindo os Sabores do Mundo”, coletânea de receitas recuperadas de uma obra da década de 70, que foi escrita por um grupo de mulheres bandeirantes. O evento acontece na galeria de Vidro da Plataforma Cultural, às 19h.

Os textos foram organizados pela professora Mara Baís e pelos jornalistas Vania Álves e Edson Moraes, que fizeram uma curadoria do livro original de 1973 – intitulado “Livro de Receitas” – e selecionaram 68 entre as mais de 200 receitas ali presentes. O número representa a quantidade de colaboradoras que participaram da primeira e única edição da peça literária, que à época teve todos os seus exemplares esgotados e se tornou uma raridade.

Para Vanìa, a “iniciativa singular” destas 68 mulheres simbolizou uma mobilização “autônoma e empoderadora”, avançada para aquele período em que a sociedade local era mais “conservadora”. Elas compunham o grupo Bandeirantes de Campo Grande e tinham o objetivo de angariar fundos com a venda dos livros para a manutenção de suas atividades e ajudar entidades filantrópicas. As bandeirantes eram a vertente feminina do escotismo, movimento fundado pelo tenente-general do Exército Britânico Robert Baden-Powell.

Um desses preciosos exemplares foi encontrado por Mara Baís em meio aos seus guardados familiares e serviu de inspiração para produzir a nova versão, que inclui prefácio da consagrada chef Dedê Cesco e depoimento da empresária Regina Torres – filha de uma das bandeirantes coautoras do livro original. Entendendo a necessidade de resgatar esse importante trecho da história da cidade, ela e Vanìa convidaram ainda o escritor Edson Moraes para bordar e dar conteúdos próprios à obra.

A homenagem vem como um presente aos campo-grandenses, que estão prestes a celebrar os 123 anos da Cidade Morena, e também a algumas das bandeirantes ainda vivas, que estavam à frente de seu tempo com a valorização da culinária por meio do livro. “A obra adiantava a megaimportância que a gastronomia alcançou hoje como matriz de empregos, conhecimentos, intercâmbio e evolução econômica, social e cultural, base forte de atividades como o turismo e as artes. Tudo isso num simples e nada inédito apanhado de receitas caseiras ou mais refinadas”, afirma Vanìa Álves.

A jornalista também ressaltou o apoio do poder público municipal e a atual conjuntura para o lançamento do livro. “Importante frisar a feliz associação afirmativa de gênero entre o protagonismo na iniciativa das bandeirantes, o momento político de uma cidade governada por uma líder feminina – a prefeita Adriane Lopes – e a atitude de duas mulheres, Mara Baís e Vània Álves), que tiveram a sensibilidade de fazer a leitura social, humanista e política do tempo em que todas viveram e vivem”, disse a jornalista.

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