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quarta-feira, 24 de abril, 2024
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Conflito entre indígenas e policiais é registrado como ‘oposição a intervenção policial’

A morte do indígina de 42 anos foi registrada como ‘homicídio decorrente de oposição a intervenção policial’, conforme o Boletim de Ocorrência da Polícia Civil feito na noite de sexta-feira (25). Ao longo daquele dia, um grupo de índios da etnia Guarani-Kaiowá entrou em conflito armado com policiais militares do Batalhão de Choque (BPChoque) durante uma operação de desocupação da Fazenda Borda da Mata, nas margens da rodovia estadual MS-156, em Amambai.

Durante o tiroteio, o indígena foi ferido com três disparos. Ele chegou a ser socorrido e levado ao Hospital Regional de Amambai, porém, quando deu a entrada já estava sem vida.  Ao todo, 11 pessoas foram feridas na ação, entre esses estão três policiais do Choque de 41, 38 e 26 anos, baleados no pés e pernas. Dos oito indígenas socorridos, os mais graves são um jovem de 22 anos e de uma menina de 13, ambas baleadas no abdome. Outros cinco adolescentes estão sob cuidados médicos, sendo que duas já foram transferidas para Ponta Porã, onde passam por cirurgia.

A fazenda onde o conflito ocorreu pertence a uma empresa, mas o indígenas alegam ser um território ancestral denominado Kuripi/São Lucas. Em nota, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) pediu, com urgência, o envolvimento de órgãos federais, bem como do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), “a fim de controlar a situação e investigar os episódios”, detalhou.

A propriedade rural foi ocupada pelos indígenas Guarani Kaiowá ainda na noite de quinta-feira (23), sendo que na manhã da sexta as equipes do Batalhão de Choque foram deslocadas para atender ao chamado da comunidade para “coibir crime contra o patrimônio”. Na fazenda, houve um intenso conflito entre indígenas e policiais logo pela manhã e um segundo durante a tarde, quando até mesmo o helicóptero usado pelos militares para apoio acabou sendo atingido pelo disparo de uma arma de fogo.

Conflito entre indígenas e policiais é registrado como 'oposição a intervenção policial'
Segundo a polícia, o tiro foi efetuado pelos indígenas. — Foto: Reprodução

Indígenas invadiram sede e ameaçaram funcionários

Na versão dos funcionários da fazenda, os indígenas invadiram a área na quinta-feira e, com a chegada do Batalhão de Choque naquele mesmo dia, chegaram a deixar a fazenda. No entanto, após a saída dos policiais, no mesmo dia, quatro indígenas voltaram a entrar armados na propriedade, onde fizeram disparos, ameaças e retomaram novamente o espaço.

Ao todo, 30 indígenas passaram a controlar a sede, promovendo ‘quebra-quebra’ dos objetos e maquinários e também furtando itens de valor. Diante disso, a gerência acionou a polícia mais uma vez.

O secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Antonio Carlos Videira, explicou em coletiva de imprensa que a Polícia Militar foi acionada para atender crimes de competência do Estado. “Foram crimes comum contra o patrimônio e contra a vida. Não se trata de reintegração de posse”, disse. Ao todo, 100 policiais, entre militares e federais, foram mobilizados para atender a ocorrência na fazenda.

Ainda segundo Videira, há alguns dias foi registrado reclamações de lideranças indígenas da aldeia de Amambai sobre indígenas que trabalham em roças de maconha no Paraguai que foram para a aldeia tentar destituir a atual liderança devidamente eleita da aldeia. “Há cerca de um mês começamos capacitação de indígenas da aldeia para criação do conselho comunitário de segurança indígena a pedido das lideranças da aldeia, devido o aumento de crimes na aldeia”, explicou.

Para o secretário, é possivel que paraguaios vieram para dar suporte na invasão da propriedade, fornecendo as armas que foram utilizadas no conflito. A Polícia Fedederal e o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) devem apurar os fatos.

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