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Cresce no país número de pretendentes que aceitam adotar crianças com 5 anos ou mais

Em 2009, 30% concordavam com adoção tardia; hoje, são 46%. Apesar disso, total de crianças e adolescentes adotados nessa faixa etária ainda é pequeno se comparado ao de que moram em abrigos.

25/05/2019 19h50
Por: Thiago Reis/G1

Quase metade (46%) dos pretendentes inscritos no Cadastro Nacional de Adoção neste ano se diz aberta a adotar uma criança com 5 anos ou mais de idade. O índice é bem superior ao registrado dez anos atrás (30%). É o que mostram dados da Corregedoria Nacional de Justiça obtidos pelo G1.

Neste sábado (25) é comemorado o Dia Nacional da Adoção. Mas nem tudo é motivo para celebrar. Em 2018, foram adotadas 650 crianças com 5 anos ou mais no Brasil, número menor que o registrado em 2016 e em 2017.

Um outro dado do Cadastro Nacional ajuda a entender ainda mais o drama: 76% das crianças disponíveis hoje nos abrigos têm 5 anos ou mais. São 7.261 — um número que só aumenta.

Percentual de pretendentes que aceitam crianças com 5 anos ou mais

Para a diretora de relações públicas da Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção (Angaad), Suzana Schettini, o trabalho integrado feito pelo Judiciário com os grupos de apoio à adoção é um dos grandes responsáveis pelo aumento no percentual dos pretendentes abertos à adoção tardia. Mas ainda é preciso fazer mais, admite.

“Além de um esforço para proporcionar mais visibilidade a essas crianças maiores, principalmente adolescentes, há um amadurecimento dos pretendentes de uns anos para cá. E a participação deles em grupos de apoio, vendo o exemplo de famílias que já adotaram, é muito importante para que exista essa ampliação do perfil”, afirma Suzana Schettini.

Segundo ela, além do preparo dos pretendentes nos grupos e das crianças nas instituições, há uma terceira frente que não pode ser deixada de lado no caso das adoções tardias.

“É preciso oferecer para a família adotiva um núcleo de apoio no pós-adoção, porque elas são naturalmente mais complexas, mais difíceis. As crianças têm suas histórias, suas demandas. Então, esse suporte é necessário. E cada vez mais esses pretendentes se sentem acolhidos e seguros para o ato.”

A jornalista Ana Davini, que adotou uma filha e é especializada no tema, diz que o principal problema ainda é a demora na destituição do poder familiar, que faz com que a criança perca a chance de ganhar uma nova família.

“Além da burocracia por qual passaram as que já estão no cadastro, é preciso lembrar que há mais de 50 mil crianças nos abrigos. Essas mais de 40 mil [que não estão aptas] estão em um limbo jurídico. Nem voltam para as famílias biológicas nem são encaminhadas para adoção. Vão crescendo nos abrigos, completam 18 anos e são colocadas na rua, especialmente se não tiverem como se manter ou se não tiverem apoio de um projeto social.”

Há hoje 46 mil pretendentes no Cadastro Nacional de Adoção, e apenas 9,5 mil são crianças.

Cresce no país número de pretendentes que aceitam adotar crianças com 5 anos ou mais

Fonte: Corregedoria Nacional de Justiça

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