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sábado, 20 de abril, 2024
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Santa Casa realiza inédita cirurgia de cateterismo pancreático

As equipes da Clínica Médica e Radiologia Intervencionista da Santa Casa de Campo Grande realizaram no último dia 29 de setembro de 2021, um procedimento inovador e complexo para acessar importantes artérias responsáveis pela irrigação sanguínea ao pâncreas, com o objetivo de identificar de forma mais precisa a doença que acometeu uma paciente internada no hospital.  

De acordo com uma das médicas responsável por acompanhar o procedimento, “tal procedimento nunca havia sido feito na Santa Casa, e até mesmo em grandes centros no país é feito de modo raro, isso devido à escassez dos casos e, por consequência, se usa indicação especifica”, comentou Drª Karen Duran.

O cateterismo pancreático é capaz de dar condição de acesso às artérias chamadas de: mesentérica superior, esplênica e gastroduodenal, responsáveis pela irrigação sanguínea do pâncreas. Este acesso é garantido através da punção da artéria femoral direita com colocação de um fio-guia e imagem radiológicas em tempo real do trajeto do mesmo até que chegue as devidas artérias.

Em cada uma delas é injetada uma substância chamada glutonato de cálcio que, por meio de mecanismos celulares, promove liberação de insulina. Em cada uma dessas artérias é colocada uma dose criteriosa de gluconato de cálcio, isso de acordo com o peso do paciente e, assim, coletadas as amostras sanguíneas (de cada uma dessas artérias), e em tempos diferentes 0, 30, 60 e 120s após a infusão, onde a equipe faz a dosagem do valor da glicose naquele momento, insulina e cálcio sérico.

Mas como seria coletada estas amostras?

Além da artéria femoral, também é possível puncionar (logo no início do procedimento) a veia jugular interna direita que chegará por meio do fio-guia até a veia hepática direita, de onde são feitas todas as coletas necessárias para o exame. No total são 12 tubos de amostras de sangue para verificar em qual das porções do pâncreas o paciente está com secreção aumentada de insulina, como explica a médica.

Por ser um exame invasivo, porém em menor proporção se compararmos a uma cirurgia aberta por exemplo, está indicado apenas quando a investigação da hipoglicemia (queda vertiginosa das taxas de açúcar no sangue), já não obteve resultados com exames laboratoriais e de imagem, como no caso da paciente da Santa Casa que havia feito ressonância, tomografias, ultrassom endoscópica e diversos exames mais avançados para análises de amostras de sangue que foram diversas vezes para São Paulo, conforme explica a médica.

“O caso desta paciente é uma condição rara, no qual ela apresenta hipoglicemia grave desde a infância, e ainda sem diagnóstico fechado. Em busca de respostas, procurou incontáveis vezes a unidade de emergência da cidade de origem com tremores, rebaixamento do nível de consciência, e chegando a apresentar glicemia de 19”, destacou a Drª Karen.

Durante todo o procedimento, a paciente fica monitorizada, acordada, com glicemias verificadas e corrigidas de modo extremamente criterioso, havendo participação também do médico anestesista. E com esta técnica, a expectativa do resultado do exame é estabelecer diagnóstico da condição rara, para assim, receber o tratamento direcionado e, por consequência, reduzir internações (que geram outros riscos), e ainda melhorar a qualidade de vida, como qualquer doença bem controlada.

Os médicos responsáveis pela condução do procedimento pela equipe de clínica médica foram Drª Clicia Moura Fé e Drª Karen Duran e pelo médico Radiologista Intervencionista, Dr. Daniel Marques, que também é o responsável pelo serviço no hospital.

Fonte: Ascom Santa Casa de CG

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