O deputado federal Loester Trutis (PL), que está sendo processado no STF (Supremo Tribunal Federal), por falso atentado, por ele promovido, pode quase acabar seu mandato de quatro anos, ficando sem o cargo e não podendo seguir na eleição de outubro para uma tentativa de reeleição. O parlamentar pode ficar comprometido criminalmente, caso vire réu, em seu julgamento que foi marcado para o mês de Agosto, mesmo com processo eleitoral já em andamento. O caso vem correndo a mais de dois anos, entre a suposta ocorrência, investigação da PF (Polícia Federal) e revelações, e, pedidos de indiciamento pelo crime.
A ministra Rosa Weber, relatora do Inquérito 4.857 no Supremo, marcou para o próximo início de agosto, a sessão de julgamento de Trutis, sobre o falso atentado, que teria ocorrido na madrugada de 16 de fevereiro de 2020. O parlamentar pode virar réu por falsa comunicação de crime, posse ilegal de arma de fogo e disparo em via pública a menos de dois meses do primeiro turno das eleições deste ano. O inquérito foi incluído no plenário virtual do STF, a ser julgado de 5 a 15 de agosto. Em caso de recebimento da denúncia, a corte vai julgar o deputado e pode condená-lo a prisão e a perda do mandato de deputado federal.
Conforme a PF, Trutis e ex-assessor, Ciro Fidelis, co-autor do suposto crime, simularam um atentado ao parar o veículo em uma estrada vicinal e realizar os disparos. Com base no GPS do veículo, imagens as câmeras de vigilância da BR-060 e das cápsulas recolhidas na via pública, a PF concluiu que o parlamentar usou uma pistola 9mm da marca Glock para efetuar os disparos. A arma nunca foi encontrada.
A estratégia da defesa de Trutis e do ex-assessor Ciro, era postergar o julgamento, mas que não deu certo. Ele queria realizar perícia em uma pistola apreendida com um morador do Bairro Coophavila II, na Capital, para analisar se era a arma usada no suposto atentado ocorrido naquele 16 de fevereiro.
Impossível achar
De acordo com a vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, não há qualquer ligação com o suposto crime e a Polícia Federal não poderá realizar perícia em todas as armas apreendidas em Mato Grosso do Sul para encontrar a pistola usada no suposto atentado.
Antes, Trutis dificultou ao máximo a notificação pelo oficial de Justiça. Ele deu balão para não ser encontrado até depois de ter marcado horário para ser notificado na Câmara dos Deputados.
Futuro ?
O impacto da decisão do Supremo na votação de Trutis é uma incógnita. A princípio, eventual condenação poderia enterrar definitivamente a carreira política e limitar a sua atuação a um único mandato de deputado federal.
No entanto, no atual contexto, em que a corte passou a ser considerada inimiga do bolsonarismo, o deputado pode passar a ser considerado o novo herói do grupo após o caso de Daniel Silveira (PL), do Rio de Janeiro, que foi condenado pelo STF pelos atos antidemocráticos e foi perdoado por Bolsonaro.
Trutis faz parte do time de deputados fieis ao capitão, no qual se incluem Silveira e Carla Zambelli (PL), de São Paulo, entre outros.