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quinta-feira, 25 de abril, 2024
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Dia do Índio – relembre ou conheça um pouco da atual realidade

História? Geografia? Dia de luta e resistência? Hoje é 19 de abril, Dia do Índio no Brasil. Nesta data, instituída oficialmente pelo governo federal a quase 80 anos, além de só lembrar na época da escola, com pinturas no rosto e figurinos indígenas em criança brancas, deve ser tanto nas escolas, como pela sociedade  em geral, dia de comemora a diversidade cultural e imaterial dos povos indígenas brasileiros. O nosso País ainda registra dezenas de aldeias e povos originários, onde hoje, ainda são cerca de 270 línguas indígenas faladas no Brasil. O Mato Grosso do Sul, tem a segunda maior população indígena do país, entre oito povos indígenas: os Guarani, Kaiowá, Terena, Kadiwéu, Kinikinaw, Atikun, Ofaié e Guató. Eles estão espalhados por 29 municípios, com um legado de resistência, celebrando a memória de seus antepassados, mantendo e passando de geração em geração a sua cultura.

Segundo dados do último Censo Demográfico de 2010, realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Centro-Oeste é a terceira região com maior concentração de indígenas no país. Em especial, o território Sul-mato-grossense concentra 56% dessa população. A maior parte dos índios de MS vivem nos municípios do Sul do Estado, em especial, no segundo maior município, que é Dourados. Campo Grande ganhou muitos migrantes indígenas, que ‘transferiram’ as aldeias rural para urbano, e hoje formam quatro aldeias indígenas da cidade. A Capital tem a maior densidade do país, de índios no centro urbano do município.

O Brasil que até 1500 era somente composto de povos de Índios, em diversas etnias, foi ao longo desses 522 anos diminuindo essa população, quase que em ato de extermínio. Por isso que atualmente, se vê muito índio pela cidade e em lutas constantes para preservação da raça, aldeias e costumes ou a volta ou conservação de costumes

O “Dia do Índio”, foi instituído como forma de refletir sobre os valores culturais dos povos indígenas, principalmente da importância de se respeitar as etnias e preservá-las. Assim, o Dia do Índio foi criado pelo então presidente Getúlio Vargas, por meio da lei número 5.540 publicada neste mesmo dia (19/4) há 78 anos. Na época, as lideranças indígenas nacionais participaram do Congresso Indigenista Interamericano, realizado no México em 1940, quando foi proposta a data para os países do bloco. Com a intervenção do marechal Cândido Rondon, o Brasil aderiu e instituiu o Dia do Índio três anos mais tarde, cumprindo tardiamente – mas não erroneamente – com a proposição no congresso.

Existem e não são ‘bichos’, mas também cada povo é diferente

Conforme a professora Maria Helena Simiell escreveu ou descreve em livro** , os povos indígenas do Brasil, ainda na sua maioria, moram e vivem de maneira diferente dos outros brasileiros “brancos” e mesmo entre indígenas, que são de diversas raças ou etnias. A maior parte desses povos vive em Terras Indianas demarcadas pelo Governo brasileiro, mas há também, uma parte dessas populações que vive nos centros urbanos, fora das Terras Indianas. Independentemente de onde moram, os indígenas em sua maioria, buscam preservar sua cultura.

“As comunidades indígenas não são iguais. Cada comunidade tem seus hábitos, língua e tradições. A maneira de organizar a aldeia e construir casas, por exemplo, mostra diferenças entre os Grupos. Por exemplo, Os Yanomani constroem uma única aldeia-casa em formato circular para toda a comunidade, onde podem viver mais de 100 pessoas. Já os Avá Guaraní vivem em casas menores que geralmente servem apenas para uma família”, explica a professora historiadora em seu livro Ápis Interdisciplinar: ciências, Geografia e história, 3º ano. São Paulo: Ática, 2017.

As Nações indígenas de Mato Grosso do Sul

Ofayé Xavante – Donos de um território que ia do rio Sucuriú até as nascentes dos rios Vacarias e Ivinhema, com mais de cinco mil índios, a nação Ofaié Xavante se resume hoje a 50 pessoas, em uma reserva no município de Brasilândia.

Kadiwéu – Durante centenas de anos dominaram uma extensão do Rio Paraguai e São Lourenço, enfrentando os portugueses e espanhóis que se aventuravam pelo Pantanal. Habitam os aterros próximos às baías Uberaba, Gaiva e Mandioré.

Guató – Os guató, conhecidos como uma grande nação de canoeiros, conseguiram recuperar nos últimos anos uma pequena parte de seu território com a demarcação da Ilha Insua ou Bela Vista. Agora confinados na própria cultura, isolados, porém semi-urbanizados na Aldeia Uberaba, a 350 quilômetros de Corumbá, no coração do Pantanal.

Guarani – Remanescentes dos ervais da fronteira com o Paraguai e com uma área superior a dois milhões de hectares, a nação guarani, do tronco tupi, tem sua população dividida em 22 pequenas áreas em 16 municípios no sul do Estado.

Kaiowá – Eles vivem na região sul do Estado e no passado eram milhares ocupando 40% do território de Mato Grosso do Sul. Pertencem ao tronco linguístico tupi e é um dos únicos grupos indígenas que tem noção de seu território.

Terena – Agricultores, os terena estão concentrados na região noroeste do Estado e com grandes levas nas aldeias urbanas de Campo Grande. Pertencem ao tronco linguístico Aruak. Foram os últimos a entrar na Guerra do Paraguai e pode ser este o motivo de não terem sido totalmente dizimados.

Como são em ‘sociedade’ pelo Brasil

A historiadora Maria Helena explica a forma social ou o formato de sociedade que sempre compuseram os povos e povoados/aldeias indígenas. E que mesmo os que se diziam “civilizados”, quando chegaram ao Brasil, no caso de Portugueses e Espanhóis, viram e veem até hoje uma formação societária de tradição e até maior representatividade, dentro do respeito aos ‘escolhidos’. A sociedade ‘branca’ até tem o que eles já tinham, mas talvez com menos respeito ou ‘divisão’ social igualitária.

 “Cada aldeia indígena tem um chefe. O Cacique (chefe), que não governa sozinho., sempre escuta o restante da aldeia, principalmente os mais velhos. O lugar de reuniões é muito importante para aldeia. Ali os indígenas se reúnem para conversar, lembrar fatos antigos, organizar o trabalho da comunidade, promover festas e rezar. Geralmente há o PAJÉ. O pajé aconselha as pessoas da aldeia e cuida da saúde delas, utilizando seus conhecimentos para fazer remédios com as plantas. Ele também conhece as lendas, histórias de sua gente”, detalhe Maria Helena.

Natureza

Os indígenas e a natureza. Algumas comunidades indígenas foram devastadas do contato direto da natureza. Outras ainda mantem esse contato, vivendo em ambientes naturais, em áreas com diferentes tipos de vegetação. “Os indígenas dessa comunidade colhem frutas da floresta para sua alimentação: pequi, bacaba, macaúba, mangaba, murici, pupunha, açaí e outras. Fibras e palhas vegetais podem ser coletadas para fazer cordas, redes, enfeites, peneiras, abanos e esteiras. Com a madeira, os indígenas fazem casas, arcos, flechas, barcos e outros objetos. Panelas, potes, cuias e brinquedos podem ser fabricados com barro das margens dos rios”, aponta ou relembra a professora, como ela menciona, que ‘aprendemos’ na escola, quando crianças.

As comunidades indígenas cultivam produtos agrícolas para seu próprio consumo. São cultivados milho, mandioca, abóbora, feijão, amendoim, batata-doce e outros alimentos. Os indígenas fazem pequenas queimadas na floresta para abrir espaço e cultivar seus alimentos. As carnes de alguns animais fazem parte da alimentação dos indígenas. Para conseguir carne, eles pescam e caçam por exemplo: macaco, anta, tatu, veado, cutia, tamanduá e jabuti.

Maria Helena destaca que, os rios são importantes para muitas comunidades indígenas, pois fornecem diretamente, a água para beber e para cozinhar os alimentos. “As Águas dos rios também são alimentos, pescado, são. utilizadas pelos indígenas para se banhar. O deslocamento dos indígenas é feito pelos rios por meio de canoas. É a vida deles”, frisa a professora.

As línguas indígenas

As línguas dos indígenas são muitas e variadas. O grupo mais conhecido é o TUPI que se divide em outras línguas. Elas foram as primeiras palavras as quais os portugueses tiveram contato ao chegar à América em 1500. Hoje são cerca de 270 línguas indígenas faladas no Brasil. Muitos povos indígenas falam a língua materna (indígena) e também o português.

Homem branco invasor

Muitas Terras indígenas são invadidas por pessoas ou Grupos que procuram madeira e minérios para explorar ou ocupam as áreas para criar gado e plantar. Por isso, essas terras precisam ser protegidas, e lideranças indígenas têm lutado por seus direitos.

Na Amazônia, as comunidades indígenas que conservam seu modo de vida ligado à floresta e à terra são boas defensoras da natureza. Enquanto elas permanecem em determinada região, a natureza do lugar, geralmente é respeitada.

Nas últimas décadas o Brasil se tornou mais urbano. Nas cidades notamos muitos Grupos sociais de origens, costumes e tradições diferentes: trabalhadores rurais, imigrantes, migrantes de outras regiões e também INDÍGENAS.

Muitas comunidades indígenas estão em locais urbanizados e seus moradores costumam estudar, trabalhar ou passar grandes períodos na cidade. Alguns se mudam definitivamente para as cidades, mas não deixam de lado a cultura do seu povo.

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